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22 de novembro de 2015 | 10h33

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE HIGIENE ÍNTIMA DA MULHER

A falta de tempo e o descuido com o corpo podem prejudicar o bem estar feminino

Dra. Patrícia Varella

Ginecologista e Obstetra pela Universidade de São Paulo e Especialista em Reprodução Humana.

Cinthia Novaes e Daiane Moreira

 

Tomar banho todos os dias e cuidar da higiene não é questão de vaidade. Porém, o dia-a-dia atarefado e o trabalho intenso fazem com que muitas mulheres deixem de lado o cuidado com a região íntima. Por falta de conhecimento, muitas deixam passar despercebido o fato de que atividades ininterruptas e sem condições adequadas, como vestuários desconfortáveis e até o simples descuido com a troca do absorvente, podem levar ao desenvolvimento de diversos distúrbios e doenças, que se manifestam por meio de alguns sinais, como: corrimentos, odores desagradáveis e ardores. Uma delas, a candidíase.

 

Estima-se que em todo o mundo três em cada quatro mulheres apresentam, durante algum momento de sua vida, pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal.

 

A doença é uma infecção da vulva e da vagina causada pelas várias espécies de cândida (fungos que habitam a mucosa vaginal e digestiva) que estão presentes no corpo humano. Os fungos conseguem se proliferar quando as defesas imunológicas estão reduzidas.

 

De acordo com a ginecologista e obstetra Paula Cavalcante Carturan, professora da Universidade Metropolitana de Santos, as candidíases vulvovaginal e oral são consideradas as duas formas mais comuns. Porém, a cândida pode acometer também a pele, as vias urinárias, o esôfago, o pênis, entre outras partes do corpo.

 

Os sintomas relacionados com a candidíase vulvovaginal são coceira vulvar e vaginal intensa, corrimento branco semelhante “coalhada” ou “nata de leite, dor na relação sexual, ardor e desconforto para urinar, inchaço na vagina, além da inflamação local, que pode dar à vagina um aspecto de “vermelhidão”, como ocorre nas “assaduras”.

 

Paula destaca que os principais fatores de risco relacionados com a candidíase vulvovaginal são:

 

  • Gravidez;

  • Uso de antibióticos;

  • Uso de contraceptivos orais;

  • Diabetes Mellitus;

  • Doenças que causam diminuição da imunidade, tais como câncer e HIV;

  • Hábito de usar roupas justas ou de fibra sintética;

  • Hábitos higiênicos inadequados.

 

Carturan afirma que há várias opções de tratamento tanto local (o uso de cremes vaginais) como medicações administradas por via oral. Em alguns casos, os médicos recomendam que o parceiro também receba o tratamento. O tratamento visa eliminar a infecção atual, remover os fatores predisponentes e evitar a recorrência.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dicas e cuidados com...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Doutora responde:

 

 

1) Como lavar calcinhas adequadamente evitando a proliferação de fungos e bactérias? (Juliana Freire, 17 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: as calcinhas devem ser lavadas, preferencialmente, à mão e com sabão neutro. Devem ser bem enxaguadas e comprimidas para remoção do excesso de água. Devem ser secadas ao ar livre, evitando locais usualmente menores e mais fechados, como o banheiro, onde podem se manter úmidas de forma prejudicial por bem mais tempo.

 

 

2) Existe algum risco de pegar bactéria compartilhando peças íntimas? (Norma Jane, 38 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: sim. Cada peça íntima é pessoal e não deve ser compartilhada. Isso porque cada mulher elimina suas próprias secreções vaginais com bactérias naturais da sua região íntima. Mesmo uma calcinha lavada ainda pode transmitir esses agentes e até transmitir doenças.

 

 

3) Sabonete íntimo realmente é o mais adequado? (Letícia Sousa, 20 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: os sabonetes íntimos têm a função de limpar e preservar o pH ácido habitual da área. Já os sabonetes comuns ou bactericidas podem contribuir para um desequilíbrio e o desenvolvimento de doenças. As finalidades do sabonete íntimo e a do desodorante íntimo são as mesmas de um sabonete corporal e um desodorante axilar. Um serve para limpar e o outro para prevenir a formação de eventuais odores, protegendo ao longo do dia. Aliados eles ajudam a manter a região genital limpa e o odor normal dela, imperceptível em condições habituais.

 

 

4) O que usar na região íntima em caso de coceira ou ardor? (Amanda Albela, 25 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: inicialmente é necessário lavar abundantemente com água e sabonete neutro. Um desodorante íntimo pode ser usado também. Caso não haja melhora completa dos sintomas, procurar um ginecologista para exame mais minucioso, diagnóstico e tratamento.   Um ferimento ou uma lesão deve ser examinado por um especialista para diagnóstico e tratamento preciso. Após essas medidas, eventualmente o uso de produto para higiene genital pode ser recomendado.

 

 

5) Qual é o mais indicado? Absorvente interno ou convencional? (Andressa Fukunaga, 25 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: cada mulher tem uma preferência pessoal que deve ser levada em consideração. Ambos possuem vantagens e desvantagens.  No caso do absorvente interno, a vantagem de maior comodidade nas atividades diárias para a maioria das pacientes. A desvantagem é de maior risco de esquecimento na troca e não se visualizar o fluxo. Já para o externo, a vantagem é o controle visual do fluxo (intensidade), e a desvantagem é o contato direto do sangue com a região genital externa (vulva), o que requer cuidados redobrados de higiene.

 

 

6) Quanto tempo posso ficar com o mesmo absorvente? (Jéssica Ferreira, 25 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: no período menstrual o ideal é trocar o absorvente externo ou interno a cada 3 ou 4 horas. O desodorante íntimo pode ser aplicado no absorvente novo para inibir odores indesejáveis.

 

 

7) No período menstrual, como realizar a higiene da região adequadamente? (Jaqueline Bauti, 37 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: no banho é preciso sempre lavar os pequenos e grandes lábios vaginais usando água e sabonete íntimo com pH neutro, para que mantenha o pH ácido habitual da área. Após urinar, se possível, higienize a região com um chuveirinho na parte externa da vagina. O mesmo vale após evacuar, porém, nesse caso, deve-se jogar água na direção contrária da entrada da vagina. Caso não seja possível, use o papel higiênico, de preferência macio, sempre tomando o cuidado de passar o papel da frente para trás. Para finalizar a higiene, um desodorante íntimo neutro.

 

 

8) Devo lavar as partes íntimas imediatamente após o ato sexual? (Ariane Tofanello, 32 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: sim, de preferência. A prática de sexo não é a causadora de odores, porém, após ter relações sexuais, a mulher pode lavar pequenos e grandes lábios vaginais no banho e finalizar com o desodorante íntimo.

 

 

9) Utilizar lenços umedecidos frequentemente pode trazer algum risco? (Thamires Klein, 21 anos)

 

Dra. Patrícia Varella: a região íntima é muito delicada, por isso existem produtos específicos para atender às características específicas da região vaginal, ou seja, são produtos hipoalérgicos, sem álcool, que não contêm bactericidas ou antitranspirantes.

 

 

 

 

                                                          

Depilação: a melhor forma é aquela na qual cada mulher se sente melhor, atentando para a higiene de lâminas reutilizadas (secas e utilizadas por uma única pessoa), para a procedência de ceras depilatórias e até mesmo de locais onde se oferecem serviços de remoção de pelos com laser. Idealmente, depilar na quantidade que a mulher se sente confortável. Manter em grandes lábios vaginais ao menos uma porção de pelos suficiente para melhor

proteger a região.

Odores e corrimentos: sempre que uma mulher sentir uma mudança significativa no odor, aspecto da região ou presença de corrimento na região íntima, ela deve procurar um ginecologista. Outras medidas que podem ser adotadas para minimizar os odores: 

 

  • Privilegiar o uso de roupa íntima de algodão;  

  • Evitar ao máximo o uso de absorventes diários. O tecido do protetor em contato com a região genital favorece a emissão do odor causado pelas bactérias;

  • No período menstrual, trocar o absorvente externo ou interno a cada 3 ou 4 horas. Usar o desodorante íntimo;

  • Ter uma alimentação saudável e balanceada; 

  • Combater o stress, uma vez que ele prejudica a imunidade e a flora vaginal normal.

Coletor menstrual: a uso do “copinho” é considerado como uma opção, mas não a melhor para a higienização. É importante ter cuidados nas trocas, sejam entre 6 a 8 horas, conforme o fluxo menstrual, lavagens com água e sabão e armazenamento adequado. Apesar de serem fabricados com material hipoalérgico, deve-se atentar para a adaptação de cada pessoa. Mulheres virgens ou com vaginismo

devem evitá-lo.

Verão: a dica é deixar a região seca, além de usar roupas mais leves para permitir uma “transpiração” adequada, durante essa época do ano. Evite permanecer com o biquíni molhado durante longos períodos. O excesso de umidade na região genital pode favorecer a proliferação de fungos. Opte por biquínis em que pelo menos o forro seja de algodão. Na hora de lavá-lo, utilize sabão de coco ou neutro. Se notar irritações na vulva no final do dia, uma boa dica é banho de assento com chá de camomila frio.

O excesso de limpeza x PH vaginal: a vagina tem um pH ácido habitual que mantém o equilíbrio da flora natural, ou seja, entre fungos e bactérias que saudavelmente vivem na área íntima. Muita higiene pode ser prejudicial. Desequilibrar o pH, tanto para cima (pH básico), quanto para baixo (pH ácido), favorece a proliferação de um ou de outro. Uma flora vaginal em equilíbrio evita a candidíase.

Você conhece a sua vagina?

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