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22 de novembro de 2015 | 10h33

MENOPAUSA: A NOVA FASE DE VIDA

Mesmo já sendo esperada, os seus sintomas podem afetar a estrutura familiar, pessoal e profissional da mulher

Foto: Shutterstock

Ana Luiza Neves

 

Para a graduanda em pedagogia Carla Carbone, a menopausa chegou cedo demais. Aos 39 anos, ela ficou seis meses sem menstruar e procurou um médico. Após um batalhão de exames, idas e vindas ao médico, o diagnóstico não deixava dúvidas: a sua vida reprodutiva tinha chegado a um fim. Um novo ciclo se iniciou em seu corpo, já sem os efeitos dos hormônios estrogênio e progesterona e com todos os sintomas de quem começa um novo estágio de vida. “O que mais me incomoda são ondas de calor que sinto a qualquer hora do dia, o aumento de peso e a memória ruim’’, afirma Carla, que hoje tem 44 anos. Em média, a menopausa ocorre entre os 45 e 55 anos.

 

A futura professora possui sintomas de depressão, como apatia, falta de ânimo para sair de casa ou fazer qualquer atividade que exija muito esforço, seja físico ou mental. Ela não estava preparada para uma transformação hormonal em sua vida.

 

A maioria das mulheres apresenta algum sintoma nessa fase, porém, quando ela tem consciência de seu próprio corpo, dependendo de sua estrutura emocional, pode afetar de forma amena ou intensa a vida pessoal, familiar ou profissional.

 

Maria Beatriz de Faro, não sentiu diferença em seu período de pré e pós- menopausa, pois se preparou para ela. ‘’Conscientizando-me para essa passagem para uma fase mais madura da vida, realizando todos os exames preventivos necessários, percebi tanto comigo, como com outras mulheres que o exercício físico ativava as ondas de calor’’ conta.

 

O climatério é considerado o período que representa o final da fertilidade biológica da mulher. Já a concepção de menopausa, a qual é caracterizada como fim do ciclo menstrual, surgiu somente após um artigo de Gardanne, publicado em 1816, chamado ‘’Conselho às mulheres que entram na idade crítica’’, no qual o autor fala sobre a ‘’La menopausie’’, sendo que, menopausa é a junção de duas palavras que significam início e fim.

 

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma mulher encontra-se na fase de menopausa se forem detectados 12 meses da ausência de menstruação. Embora seja um marco esperado na vida das mulheres, há diferentes formas

de reação e sintomas associados.

 

 

Artigo publicado pela Faculdade de Saúde Pública, em 2005, fala sobre um estudo realizado com mulheres que vivem no litoral norte de São Paulo e que usufruem de serviços de saúde de baixa renda. Sintomas citados como ondas de calor parecem relacionados a outros eventos na vida da mulher do que especificamente ao fim da vida reprodutiva. Além disso, a escritora Erica Jong, citada no artigo, descreve a sua experiência ao entrar na menopausa e também ao envelhecimento, concluindo que uma geração de mulheres acredita que teriam uma aparência jovem por toda a vida.

 

A neuropsicóloga Leiliane Tamashiro afirma que, o grande medo das mulheres sobre a menopausa é a demência. ‘’O maior impedimento social nesta fase é a perda de memória, pois esta é afetada tanto em mulheres com ou sem depressão’’, explica.

Para a psicóloga Edna Peracini, a mulher que entrou na menopausa precisa buscar novas formas de prazer e alegria, além de buscar apoio dos familiares, que precisam ter paciência e compreensão. ‘’Ela precisa aprender a elaborar de forma construtiva esse novo momento, e reconstruir sua identidade, autoestima e relacionamentos’’, disse.


Na opinião da psicóloga, a atividade física é fundamental na prevenção de doenças, cuja probabilidade de incidências aumenta após a entrada na menopausa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma das formas de detectar a depressão na paciente já é possível durante a anamnese, que consiste naquela série de perguntas em que o médico levanta o histórico da paciente. Este é um método que ajuda no diagnóstico inicial.

 

A reação externa é tão grande quanto outra que ocorre dentro do corpo das mulheres. Na menopausa, elas tendem a deixar de produzir os estrogênios, o que pode provocar a perda de cálcio nos ossos, secura vaginal, entre outros sintomas. Com isso, uma boa opção para amenizar esses e outros sintomas é a reposição hormonal, porém muitas mulheres optam por alternativas não hormonais. ‘’Hoje temos impedimentos quanto à reposição. Muitas podem fazer, mas outras acabam tendo problemas, como efeitos colaterais, e não conseguem dar continuidade ao uso’’, conta Leiliane.

 

Houve grande repercussão sobre um estudo publicado no Journal of the American Medical Associations, em 2002, que apontou os benefícios da terapia de reposição hormonal, como a prevenção de doenças vasculares e mentais. Mas o mesmo estudo revelou que mulheres que faziam a TRH tinha maior risco de desenvolver câncer de mama. Muitas mulheres ficaram mais atentas sobre o uso de algo que, anteriormente, era considerado ideal até mesmo para o alívio de sintomas e transtornos da menopausa.

 

Conforme documento da Sebrac, Consenso da Associação Brasileiro do Climatério, o médico deve, em um primeiro momento, observar os principais sintomas de menopausa. A terapia hormonal pode ser indicada, mas sempre de forma individualizada. O procedimento pode ainda ser mantido ou interrompido após análise de riscos, benefícios e também à própria disposição da mulher.

 

A psicóloga Edna ressalta que um bom profissional de ginecologia em que a mulher confie, um clínico geral ou também um psiquiatra devem acompanhá-la neste período. Dependendo do quadro orgânico, algumas mulheres não podem fazer a reposição hormonal, aí é o momento também de um cuidado especial na alimentação, atividade física e acompanhamento médico.

 

Na nova fase da vida de Carla Carbone e Maria Beatriz de Faro, que não optaram por terapia hormonal, o acompanhamento médico e familiar é apontado por elas, como o principal aliado contra os sintomas.

       A prática de exercícios pode evitar a osteoporose e ajuda no estímulo do hormônio da serotonina, que proporciona a sensação de bem-estar, melhorando o humor e a memória.

Leiliane Tamashiro, neuropsicóloga

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